O paulista Jeferson De estudou cinema na Universidade de São Paulo e desde o ano 2000 trabalha com audiovisual, seja em trabalhos acadêmicos, programas e séries para televisão, seja em curtas e longas para cinema. O foco de sua obra é a condição do negro no Brasil. E M-8: Quando a Morte Socorre a Vida, dirigido por ele em 2019, talvez seja seu filme mais contundente. O roteiro tem por base o livro homônimo escrito por Salomão Polakiewicz, adaptado pelo próprio diretor junto com Carolina Castro, Felipe Sholl e Iafa Britz. Acompanhamos aqui a rotina de Maurício (Juan Paiva), um jovem negro carioca aprovado por meio do sistema de cotas raciais para ingressar na Universidade Federal de Medicina. Durante as aulas, o cadáver de um indigente, identificado como M-8, é estudado no curso e Maurício, que sente diariamente o racismo estrutural enraizado na sociedade brasileira, decide dar um enterro digno para aquele homem. Jeferson De faz um cinema engajado, porém, silencioso. Mas trata-se de um silêncio ensurdecedor, já que ele mostra uma realidade gritantemente absurda e rotineira. M-8: Quando a Morte Socorre a Vida é um libelo pela igualdade e pelo respeito às famílias que perdem, todos os dias, entes queridos que engrossam as estatísticas estaduais de óbitos decorrentes da violência urbana. Na maioria, contra pessoas com uma determinada cor de pele.
M-8: QUANDO A MORTE SOCORRE A VIDA (Brasil 2019). Direção: Jeferson De. Elenco: Juan Paiva, Mariana Nunes, Raphael Logam, Henri Pagnoncelli, Fabio Beltrão, Pietro Mário, Giulia Gayoso, Ailton Graça, Lea Garcia e Zezé Motta. Duração: 84 minutos. Distribuição: Paris Filmes/Netflix.