Dizer que o cineasta dinamarquês Lars von Trier é polêmico virou clichê. O que talvez pouca gente saiba é que ele não abraçou a polêmica a partir de um determinado ponto de sua carreira. Ele já começou polêmico e para provar, basta assistir aos três primeiros filmes que ele realizou, conhecidos hoje como “trilogia Europa”, composta por Elemento de Um Crime, de 1984; Epidemic, de 1987; e este Europa, de 1991. O roteiro, escrito pelo próprio diretor junto com Niels Vorsel, conta a história de um americano, Leopold Kessler (Jean-Marc Barr), que chega à Alemanha, em 1945, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Seu tio lhe consegue um trabalho e Leopold, aos poucos, se sente manipulado tanto pela sua família como por seus compatriotas. Von Trier, já dono de um cinema provocador, nos conduz por uma sufocante trama, filmada em preto e branco, o que acentua ainda mais o clima claustrofóbico imprimido pelo diretor. Europa ainda tem na narração hipnótica de Max von Sydow um complemento indispensável à visão de mundo que o diretor nos apresenta com suas fortes imagens. Em resumo: von Trier já começou grande.