Três Mil Anos de Profundo Desejo ou Era Uma Vez Um Gênio? Não sei você, mas se eu estivesse em frente a um cinema com esses dois filmes em cartaz, eu assistiria ao primeiro, por conta de seu instigante título, ao invés do segundo, que é bem genérico. O distribuidor brasileiro optou por esse último. Mas como é dirigido pelo cineasta australiano George Miller, há pelo menos uma expectativa de qualidade. E essa qualidade está presente aqui. O roteiro, escrito pelo próprio Miller junto com sua filha Augusta Gore, tem por base o conto The Djinn in the Nightingale’s Eye, algo como “O Gênio no Olho do Rouxinol”, de A.S. Byatt. A história nos apresenta a doutora Alithea Binnie (Tilda Swinton), que viaja até Istambul, na Turquia, para participar de uma conferência. Ela estuda narrativas mitológicas e deixa evidente desde o início que a melhor forma de nos contar o ocorrido é na forma de conto de fadas. Não por acaso, a companhia aérea mostrada se chama Sherazade, aquela das Mil e Uma Noites. Durante uma visita ao mercado, ela compra uma lâmpada e de dentro sai um Gênio (Idris Elba), que lhe oferece três desejos. Mas Alithea, que na mitologia grega é a rainha da verdade, é cética e bem resolvida em sua rotina de vida que não sente necessidade alguma de pedir o que quer que seja. Resta a ele contar como viveu ao longo dos últimos três milênios. Era Uma Vez Um Gênio é um delicado estudo sobre a arte de contar histórias e consegue ir além do óbvio ao acrescentar pontos fundamentais, tais como uma razão para viver e o papel do amor no meio disso tudo. Sem filmar desde 2015, quando fez Mad Max: Estrada da Fúria, Miller toma um rumo completamente inesperado e comprova mais vez, com perdão do trocadilho, sua genialidade.
ERA UMA VEZ UM GÊNIO (Three Thousand Years of Longing – Austrália/EUA 2022). Direção: George Miller. Elenco: Tilda Swinton, Idris Elba, Pia Thunderbolt, Berk Ozturk, Anthony Moisset, Alyla Browne, Lianne Mackessy, Abel Bond e Peter Bertoni. Duração: 108 minutos. Distribuição: Paris Filmes.