Há muito tempo se falava dos constantes assédios sexuais do todo-poderoso Harvey Weinstein, presidente da Miramax, a mais influente produtora de filmes independentes de Hollywood. Porém, somente após a reportagem investigativa conduzida e escrita pelas jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey, do New York Times, que o caso foi revelado em detalhes e o produtor indiciado e condenado. As reportagens foram transformadas em livro por elas e ajudou no lançamento do movimento #Me Too. E agora, com roteiro adaptado por Rebecca Lenkiewicz e sob a direção da alemã Maria Schrader, temos o filme Ela Disse, que traz as atrizes Carey Mulligan e Zoe Kazan nos papéis de Megan e Kodi. A diretora não procura reinventar a roda e segue uma estrutura semelhante àquela utilizada por Alan J. Pakula em Todos os Homens do Presidente. Isso não é demérito algum. Afinal, se é para emular que se emule um bom exemplo, o que é o caso aqui. A química entre Mulligan e Kazan, amigas na realidade há mais de 15 anos, é mais que perfeita em cena. E como se trata de algo ocorrido apenas cinco anos atrás, está ainda muito vivo na lembrança de quem acompanha o noticiário das celebridades. Isso conta a favor da história. Curiosamente, é possível fazer uma conexão entre Ela Disse e O Escândalo, dirigido em 2019, por Jay Rouch sobre os casos de assédio sexual do chefão da Fox News, Roger Ailes. É como se a obra de Schrader fosse uma continuação da de Rouch. Em tempo: Ela Disse foi o primeiro filme a ser rodado dentro do prédio real do New York Times.
ELA DISSE (She Said – EUA 2022). Direção: Maria Schrader. Elenco: Carey Mulligan, Zoe Kazan, Patricia Clarkson, Andre Braugher, Jennifer Ehle, Angela Yeoh, Sean Cullen, Anastasia Barzee, Peter Friedman e Ashley Judd. Duração: 129 minutos. Distribuição: Universal.
