Chan-wook Park, ao lado de Bong Joon-ho e Kim Ki-duk, compõe a chamada “santíssima trindade” do moderno cinema sul-coreano, revelado ao mundo a partir do final do século XX. Os três têm em comum a versatilidade e algumas influências. Uma dessas influências é Alfred Hitchcock, que está bem presente em Decisão de Partir, uma feliz atualização do clássico film noir, que Park dirigiu em 2022. O roteiro, escrito pelo próprio diretor ao lado de Seo-kyeong Chung, nos apresenta o inspetor de polícia Hae-joon (Park Hae-il). Ele trabalha em Busan, uma das maiores cidades de seu país, e vive em uma pequena vila perto do mar. Durante a semana Chung não dorme. Fica em eterna vigília dos casos que estiver investigando. Tudo muda em sua rotina quando um alpinista é encontrado morto e a principal suspeita é a viúva, Seo-rae (Tang Wei), imigrante chinesa por quem o detetive se sente atraído. A narrativa de Park nos conduz por trilhas inesperadas. O mais interessante aqui é não conseguirmos antecipar o que vai acontecer. Muitos elementos são colocados em cena, mas o roteirista/diretor é bastante habilidoso em nos surpreender continuamente. A maneira sofisticada de sua manipulação das situações remete ao estilo de Brian DePalma emulando os filmes de mestre Hitchcock. Ou seja, inspiração das mais primorosas. Em tempo: outra inspiração vem dos livros do detetive sueco Martin Beck, escritas por Maj Sjöwall e Per Wahlöö, que aparecem em uma estante na casa de Hae-joon.
DECISÃO DE PARTIR (Heojil Kyolshim – Coréia do Sul 2022). Direção: Chan-wook Park. Elenco: Tang Wei, Park Hae-il, Jung-hyun Lee, Kyung-pyo Go, Yong-woo Park e Yi-seo Jung. Duração: 139 minutos. Distribuição: Diamond Films.
