A filmografia da cineasta Malu de Martino, sejam os trabalhos feitos para televisão ou cinema, sempre tiveram, em sua maioria, relação com a condição da mulher e sua sexualidade. Ela disse certa vez em uma entrevista ser “rata de cinema desde criança”, já que passou boa parte de sua infância vendo filmes na sala de cinema onde seu tio trabalhava na cidade de Miracema, no interior do Rio de Janeiro. Malu cresceu, se formou em Comunicação Social e estudou Cinema em Nova York. Como Esquecer é seu quarto trabalho como diretora. O roteiro, escrito por José Carvalho, a partir do livro de Myriam Campello, conta a história de Júlia (Ana Paula Arósio), uma professora de literatura inglesa que luta para se recompor depois de viver uma longa relação de amor com Antônia. Sem nunca disfarçar a dor que sente pelo fim do relacionamento, Júlia segue em frente e encontra pessoas que enfrentam a mesma experiência de abandono que ela. Como Esquecer é um filme pesado, não no ritmo, mas, na vida que mostra de suas personagens. A diretora consegue romper o rótulo fácil de obra de temática homossexual e realiza um trabalho delicado e carregado de humanidade. Sua trama nos envolve e desperta nosso interesse ao falar de pessoas simples que passam por situações comuns às de outras pessoas, como nós, que um dia sofreram por causa de um amor perdido. A dor é sempre muito forte e costuma vir acompanhada de sentimentos e emoções conflitantes e pouco nobres. Como Esquecer fala de gente que busca superar um passado traumático e encontrar novamente a felicidade. Existe algo mais humano que isso?