A frase “quando a imprensa se curva perante as autoridades, as autoridades tratarão mal os cidadãos”, dita pelo jornalista Catalin Tolontan em certa altura do filme Colectiv, resume com perfeição a essência deste quarto documentário do cineasta romeno Alexander Nanau. O caso retratado nos faz lembrar o incêndio na boate Kiss, ocorrido em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2013. Aqui, tudo tem início em outubro de 2015, com o incêndio que destruiu o clube que dá nome ao filme, em Bucareste. 27 pessoas morreram e 180 ficaram feridas. Mais tarde, outras 37, que foram internadas com queimaduras leves, morrem no hospital. Um médico vaza informações que chamam a atenção da repórter Mirela Neag, que trabalha em um jornal esportivo. Tem início então uma grande investigação que revela fraudes gigantescas no sistema de saúde. A entrada de um novo ministro, Vlad Voiculuscu, leva tudo para um outro patamar. Colectiv acompanha todas essas ações de muito perto e reforça nessa jornada a importância de um jornalismo investigativo independente. Alexander Nanau imprime uma narrativa tensa ao inserir boas doses de suspense à medida que a investigação avança. Contundente da primeira à última cena, Colectiv é Cinema com “C” maiúsculo. Este foi o primeiro filme romeno a receber indicações ao Oscar, no caso, em duas categorias: documentário e filme internacional.
COLECTIV (Romênia/Luxemburgo 2019). Direção: Alexander Nanau. Documentário. Duração: 109 minutos. Distribuição: HBO Europa.