Apesar de ter uma longa história, o cinema turco é pouco conhecido no Ocidente. Nos últimos anos, graças aos filmes de Nuri Bilge Ceylan, este quadro vem mudando. Artista de múltiplos talentos, Ceylan escreve, produz, dirige e atua. Depois de chamar a atenção em Cannes com Distante, realizado em 2002, ele atraiu novamente os holofotes quatro anos depois com Climas, também premiado no festival francês. A história começa durante o verão em uma praia do mar Egeu. Isa (Ceylan), é um professor de meia idade que passa por um período de desgaste em seu relacionamento com Bahar (Emin Ceylan, esposa do diretor no vida real). Os dois se separam e, a partir daí, acompanhamos apenas o que acontece com Isa. Mas isso não nos impede de sentir a ausência de Bahar. Neste aspecto, a maneira como Ceylan nos apresenta o casal permite que tenhamos esta sensação de saudade. O cineasta é igualmente hábil ao conduzir sua narrativa utilizando momentos de silêncio. Da mesma forma, ele trabalha muito bem os paradoxos que estabelece entre os “climas” dos personagens e os das estações do ano. Ceylan se revela aqui um verdadeiro autor.