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CIDADE DOS SONHOS

Rotular os filmes do cineasta americano David Lynch como esquisitos é superficial demais. O mesmo vale para os termos “filme cabeça” e experimental. Na verdade, a obra de Lynch é tão pessoal que, por mais óbvio que possa parecer, seus filmes são antes de tudo “lynchianos”. O roteiro de Cidade dos Sonhos, escrito pelo próprio diretor, começa com um acidente de carro na famosa rua/estrada Mulholland Drive, em Los Angeles. Daí o título original da trama. Rita (Laura Harring) escapa da colisão, no entanto, perde a memória e se esconde no edifício onde vai morar Betty (Naomi Watts), uma aspirante a atriz que acabou de chegar na cidade. Além das duas, muitas outras personagens aparecem, algumas estranhas, outras mais estranhas ainda. O cinema de Lynch não entrega respostas fáceis. Muitas vezes não entrega resposta alguma. Porém, sempre deixa muitas perguntas. Não é diferente em Cidade dos Sonhos, tradução até que adequada, uma vez que o filme remete continuamente ao clima de “sonho”. Lynch brinca à vontade. E essa brincadeira visual que ele propõe nos conduz por caminhos surpreendentes. Em seus filmes, nada é o que parece ser. Isso exige do espectador uma atenção redobrada, o que provoca, no final, uma sensação sem meio termo: ou gostamos ou detestamos. Seja qual for a opção, com certeza não ficamos indiferentes.
CIDADE DOS SONHOS (Mulholland Drive – EUA 2001). Direção: David Lynch. Elenco: Naomi Watts, Laura Harring, Justin Theroux, Dan Hedaya, Ann Miller, Robert Forster, Brent Briscoe e Lee Grant. Duração: 145 minutos. Distribuição: Versátil.

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Respostas de 4

  1. É provável que David Lynch seja o cineasta que mais insere sua narrativa no campo do sonhar. E a lógica do sonho é a lógica do sonho. Faz sentido, de alguma maneira. Todavia, fica conosco quando o filme acaba.

  2. Mais do que um cineasta, ouso dizer que David Lynch é um gênero. E Cidade dos Sonhos é deslumbrante, uma real metáfora travestida de sonho, com seus singulares personagens camuflados em duplos. E é para aprender: das múltiplas camadas de leitura, a menos recomendada aqui é a primária.
    Mas, no fundo, é uma obra qualquer do gênio: você vê o filme e, assim que acaba, o revê algumas vezes – em sua mente, inevitavelmente.

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