Os irmãos Paolo e Vittorio Taviani estavam há cinco anos sem filmar quando realizaram César Deve Morrer. Donos de uma filmografia das mais consistentes, principalmente no período de 1967 até 1984, eles se valem aqui da peça Júlio César, escrita por William Shakespeare para contar uma história inusitada. Tudo acontece dentro de um presídio. Os detentos são convidados a encenar um espetáculo teatral e nesse ponto, a vida passa a imitar a arte e vice-versa. O dia-a-dia da prisão é mostrado em preto-e-branco. Quando eles estão ensaiando e/ou apresentando a peça, o filme ganha cores. A maneira como os irmãos cineastas mesclam o conteúdo do clássico shakespeariano com a realidade do presidio é soberba. E tudo isso em preciosos e objetivos 76 minutos. O elenco é misto, composto por atores profissionais e detentos de verdade. Impossível dizer quem é quem. Ponto para os Taviani, que conseguiram imprimir um nível de interpretação para todos em cena. Outro aspecto importante diz respeito aos temas que são debatidos nos diálogos travados nos ensaios e nas celas. Tudo na melhor tradição do cinema engajado italiano. César Deve Morrer foi o grande vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim de 2012.