O livro Casa Grande e Senzala, escrito pelo sociólogo pernambucano Gilberto Freyre e publicado em 1933, é até hoje um dos mais importantes estudos sobre as relações sociais no Brasil. O cineasta carioca Fellipe Barbosa se apropria de metade do título do livro de Freyre para batizar seu longa de estreia. Casa Grande, que teve seu roteiro escrito pelo próprio diretor, junto com Karen Sztajnberg, conta uma história bem sintonizada a realidade vivida no Brasil de nossos dias. Hugo (Marcello Novaes) e Sônia (Suzana Pires) pertencem à classe A e levam uma vida bastante confortável. Pelo menos, na aparência. Na verdade, eles estão quase falidos e escondem seus problemas financeiros dos amigos e do filho, Jean (Thales Cavalcanti). Aos poucos, a situação vai ficando insustentável e a vida de todos naquela casa toma um novo rumo. Barbosa disse ter se inspirado em algumas experiências do próprio diretor e nas notícias econômicas dos jornais. Casa Grande é um filme que incomoda. Mas é aquele tipo de incômodo necessário. Não é fácil assistir a uma obra de ficção que escancara na tela nosso dia a dia. De maneira econômica e com bons atores em cena, Barbosa nos conduz por caminhos insuspeitos e ainda nos reserva boas surpresas.
CASA GRANDE (Brasil 2014). Direção: Fellipe Barbosa. Elenco: Marcello Novaes, Suzana Pires, Georgiana Góes, Thales Cavalcanti, Bruna Amaya, Clarissa Pinheiro e Lucélia Santos. Duração: 104 minutos. Distribuição: Imovision.