O cineasta brasileiro Andrew “Andrucha” Waddington começou seu envolvimento com o audiovisual dirigindo comerciais e videoclipes. Sócio fundador na Conspiração Filmes, Andrucha vinha de Eu Tu Eles, um filme de grande apelo popular. Quando ele apresentou seu trabalho seguinte, Casa de Areia, pegou todo mundo de surpresa. O filme, um drama intimista e silencioso, conta a história de duas mulheres: Dona Maria (Fernanda Montenegro) e Áurea (Fernanda Torres). Mãe e filha (na tela e na vida real), buscam um sonho que não é delas e chagam à bela e inóspita região dos Lençóis Maranhenses nos anos 1910. A saga dessas duas mulheres seguem pelas três gerações seguintes cobrindo um período de quase 60 anos. Com a fotografia magnificamente bela de Ricardo Della Rosa, a partir de uma história original do próprio Andrucha junto com Luiz Carlos Barreto, o roteiro, escrito por Elena Soarez, explora situações que provocam reações distintas e bem pessoais naqueles que assistem ao filme. É simplesmente impossível passar incólume por Casa de Areia. A maturidade de Andrucha atrás das câmaras proporciona um desfile de imagens hipnóticas e que se sucedem em um harmonioso balé branco como as dunas que são embaladas pelo vento que as sopram para diferentes caminhos. Um filme singular dentro da recente cinematografia brasileira, mais afeita nos últimos tempos a seguir fórmulas mais seguras e conhecidas. Casa de Areia é ousado, original e, algumas vezes, incômodo. E isso, é muito bom.