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CABRA MARCADO PARA MORRER

Dizem que o destino costuma pregar peças na vida das pessoas. No caso do paulista Eduardo Coutinho, a peça foi muito bem pregada. Aos 21 anos de idade ele cursava Direito quando participou de um seminário sobre Cinema. Pronto. Largou o curso, começou a trabalhar com teatro e ganhou um concurso de televisão respondendo sobre Charles Chaplin. Com o prêmio, viajou para a França, onde estudou direção e montagem cinematográfica e realizou seu primeiros curtas. De volta ao Brasil, no início dos anos 1960, se juntou ao pessoal do Cinema Novo, movimento que nasceu inspirado pela Nouvelle Vague francesa e pelo Neorrealismo italiano. Nasceu o projeto de Cabra Marcado Para Morrer, que, inicialmente, seria um filme de ficção. Coutinho foi ao interior de Pernambuco filmar a história de João Pedro Teixeira, líder camponês que havia sido assassinado. A ideia era usar os moradores de Engenho Galiléia no filme, inclusive a viúva de João, Elizabeth Teixeira. Após duas semanas de filmagens aconteceu o Golpe Militar de 1964 e o trabalho foi interrompido e parte da equipe foi presa sob a acusação de comunismo. Na sequencia, Coutinho monta uma produtora com dois sócios, a Saga Filmes, e tempo depois passa a integrar a equipe do Globo Repórter. Em 1981, ele encontra os negativos do material que ele havia filmado, um dos membros da equipe o havia escondido da polícia. Com os negativos em seu poder, o diretor decide procurar por Elizabeth e retomar o projeto, agora como documentário. E então, vinte anos depois, Cabra Marcado Para Morrer é concluído. Esta história que você leu até agora, por si só, já daria um grande filme. Coutinho deixa claro que é um documentarista singular. Além de sua grande sensibilidade, ele tem o dom de saber ouvir as pessoas que estão diante da câmara. O Instituto Moreira Salles restaurou o filme para celebrar os 50 anos do início das filmagens e os 30 de seu lançamento nos cinemas. Cabra Marcado Para Morrer é Cinema. Assim mesmo, com “C” maiúsculo. Para ver, rever e rever e se emocionar, sempre!

CABRA MARCADO PARA MORRER (Brasil 1984). Direção: Eduardo Coutinho. Documentário. Duração: 119 minutos. Distribuição: Bretz Filmes.

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