Um dos aspectos mais importantes do Cinema como um todo, e em particular do cinema documental, é o de registrar momentos significativos da História. Em 1978, três chapas disputavam a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. Eram mais de 300 mil associados, o que fazia deste Sindicato o maior da América Latina e que era comandado por Joaquinzão, um “pelego” dos militares desde o golpe de 1964. Dois jovens estudantes, Sérgio Toledo Segall e Roberto Gervitz, viram naquele movimento a chance de realizar um filme. Narrado por Othon Bastos, um dos atores símbolos do Cinema Novo, Braços Cruzados, Máquinas Paradas documenta com suas imagens e depoimentos um período marcante da vida sindical brasileira. Há quem diga que foi a partir de ações como esta que teve início a onda democrática que culminou com o fim da ditadura militar em 1985. Faz sentido. Aquela eleição mobilizou os operários e culminou em uma greve que mudou os rumos do país. Filmado com câmara de 16 mm, Braços Cruzados, Máquinas Paradas dá voz a uma categoria que não encontrava espaço na grande mídia. Toledo Segall e Gervitz, visivelmente influenciados pela obra de Eisenstein, além do material real filmado, recriam com os operários cenas que não puderam ser gravadas. Recheado de extras que enriquecem o material principal, este filme é simplesmente fundamental para entendermos o Brasil de hoje.
BRAÇOS CRUZADOS, MÁQUINAS PARADAS (Brasil 1979). Direção: Sérgio Toledo Segall e Roberto Gervitz. Documentário. Duração: 76 minutos. Distribuição: VideoFilmes.