Dois anos depois de O Homem de Aço, dirigido em 2013 por Zack Snyder e produzido por Christopher Nolan, a Warner lançou este Batman vs. Superman: A Origem da Justiça. Inspirado na famosa HQ O Cavaleiro das Trevas, escrita e desenhada por Frank Miller, em 1985. A nova aventura mostraria o confronto entre os dois maiores ícones da DC Comics: Batman e Superman. O projeto era, por demais, ambicioso. Ciente do espaço perdido com o avanço da Marvel, a Warner quis com este filme abarcar muita coisa ao mesmo tempo. O roteiro, escrito por Chris Terrio e David S. Goyer, funcionaria como ponto de partida de criação do Universo Cinematográfico da DC. O filme começa bem ao mostrar as conseqüências da destruição causada em Metrópolis pela luta entre Superman (Henry Cavill) e Zod (Michael Shanon) do ponto de vista de Bruce Wayne (Ben Affleck). Isso faz com que Batman desenvolva uma desconfiança em relação ao filho de Krypton. Nesse meio tempo, Lex Luthor (Jesse Eisenberg) coloca em ação um plano que envolve os dois heróis, além de alguns outros que são mostrados em material de arquivo. Tudo isso funciona bem. Os problemas mais gritantes dizem respeito, em primeiro lugar, ao roteiro. A responsabilidade de inserir muita informação ao mesmo tempo terminou por transformar a história em algo confuso. Diversas referências aos quadrinhos e aos jogos foram inseridas, muitas delas desnecessárias. Além disso, as razões do confronto entre os dois acaba perdendo o foco e vai contra o intelecto de um detetive tão experiente quanto o Batman. Outro problema grave do filme atende pelo nome de Zack Snyder. Um diretor que carece de sutileza. Sua mão pesada, aliada à montagem pouco fluente de David Brenner, à fotografia excessivamente escura de Larry Fong e à trilha sonora intrusiva e onipresente de Hans Zimmer completam este espetáculo visual que beira o desastre. Quanto ao elenco, Ben Affleck acerta o tom para viver um Batman/Bruce Wayne mais velho, amargurado e sem paciência. Gal Gadot impõe sua beleza e sua postura nobre como a nova Mulher Maravilha. Henry Cavill mantém o semblante messiânico que imprimiu ao Superman já no filme anterior e não destoa. Jesse Eisenberg faz um Lex Luthor acima do tom. Uma mistura entre os Luthors de Gene Hackman e Kevin Spacey com o Coringa de Heath Ledger. E temos o novo Alfred, vivido agora por Jeremy Irons. Bem mais ativo e participativo que os já conhecidos. Batman vs. Superman: A Origem da Justiça procura corrigir algumas falhas de O Homem de Aço, e até consegue, em certa medida. Mas, continua devendo no quesito fidelidade. Principalmente, no que se refere ao Superman. Sua essência é solar e isso sempre funcionou muito bem nos quadrinhos. O contraponto entre o Cavaleiro das Trevas e ele, “o dia contra a noite”, como diz Luthor no filme, sempre existiu. Em se tratando de Batman e de Superman, os dois maiores ícones das HQs, não havia necessidade alguma de reinventar a roda. Bastava ser fiel ao material original. É pedir demais?
BATMAN VS SUPERMAN: A ORIGEM DA JUSTIÇA (Batman v Superman: Dawn of Justice – EUA 2016). Direção: Zack Snyder. Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jesse Eisenberg, Laurence Fishburne, Jeremy Irons, Diane Lane, Holly Hunter e Gal Gadot. Duração: 151 minutos. Distribuição: Warner.