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BATMAN (2022)

Desde 1989, quando Tim Burton dirigiu o primeiro filme do Batman, tivemos ao todo nove longas com o homem-morcego e seis atores diferentes interpretando o cavaleiro das trevas. O último deles, de 2022, dirigido por Matt Reeves e com Robert Pattinson no papel-título, leva o vigilante de Gotham City em uma nova direção. O roteiro, escrito por Reeves junto com Peter Craig, diferente do estilo “universo compartilhado” que a Marvel desenvolve em seus filmes e que a DC Comics vinha copiando em suas adaptações cinematográficas, se afasta dessa fórmula e se concentra única e exclusivamente na figura do Batman. Inclusive relegando Bruce Wayne à pouquíssimas aparições. O cineasta se inspirou nas HQs Batman: Ano Um, O Longo Dia das Bruxas e Batman: Ego para desenvolver sua trama e é também visível a influência dos diretores David Fincher e Martin Scorsese com as claras citações às obras Seven, Zodíaco, Taxi Driver e Os Bons Companheiros. Sem esquecer do ritmo/estilo emprestado do noir dos anos 1930 e 1940. A abordagem de Reeves nos apresenta um herói pouco experiente, no seu segundo ano de carreira no combate ao crime. Felizmente, ele não perdeu tempo nos contando mais uma vez sua origem, mas explorou o lado “detetive”, bem como certos questionamentos morais que nunca haviam sido explorados antes. Pelo menos, não dessa forma. A escalação do elenco não poderia ter sido mais acertada para todos os papéis. E o “pé atrás” que alguns fãs tiveram quando foi anunciado que Pattinson viveria o justiceiro de Gotham se revela injustificado. Não somente pelo fato de ele ser um bom ator, basta ver sua filmografia fora da saga Crepúsculo. Fica evidente sua dedicação e comprometimento com o projeto. Tudo começa com a misteriosa morte de uma figura importante da cidade. Aos poucos, outras mortes acontecem e o autor dos crimes, o Charada (Paul Dano), deixa mensagens cifradas para o Batman. Além desse clássico inimigo, outras figuras conhecidas se fazem presentes, como o Pinguim (Colin Farrell), Selina Kyle (Zoë Kravitz), James Gordon (Jeffrey Wright), Carmine Falcone (John Turturro) e, claro, Alfred (Andy Serkis). A ação acontece predominante à noite e com muita chuva, o que exige uma fotografia bastante escura e com pouquíssima luz. Isso funciona muito bem a favor da história que está sendo contada e reforça sobremaneira os conflitos internos e a postura do vingador mascarado. A longa duração de quase três horas, sinceramente, não me incomodou. A única ressalva que faço é que ela poderia ter sido aproveitada para desenvolver melhor algumas personagens que dizem pouco a que vieram nesse primeiro filme de uma nova trilogia que se anuncia. Pode ser que venham a ser melhor desenvolvidas no futuro. Se Christopher Nolan criou um Batman bem próximo da realidade, Matt Reeves “abraçou” esse senso de realismo com mais afinco ainda. Isso é evidenciado pela nova batcaverna, pelo batmóvel, bem como pelo novo traje. E por fim, temos novos paradigmas estabelecidos. Isso até poderá gerar discussões acaloradas entre os fãs mais radicais. Mas, cá entre nós, é muito salutar por levar a criação de Bob Kane e Bill Finger, mais de 80 anos depois de sua primeira aparição, por novas trilhas e possibilidades.

BATMAN (The Batman – EUA 2022). Direção: Matt Reeves. Elenco: Robert Pattinson, Paul Dano, Zoë Kravitz, Jeffrey Wright, Colin Farrell, Peter Sarsgaard, John Turturro, Alex Ferns e Andy Serkis. Duração: 175 minutos. Distribuição: Warner.

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