O cineasta britânico Alan Parker é dono de uma filmografia das mais ecléticas. Principalmente, nos primeiros 15 anos de sua carreira. Seu primeiro longa foi Bugsy Malone: Quando as Metralhadoras Cospem, uma comédia com crianças se passando por mafiosos. Na sequência, dirigiu O Expresso da Meia-Noite, Fama, A Chama Que Não Se Apaga e Pink Floyd – The Wall. Todos eles foram bem recebidos pela crítica e pelo público. O mesmo aconteceu com seu trabalho seguinte, Asas da Liberdade, de 1984. O filme se baseia no livro homônimo de William Wharton, que foi adaptado pelos roteiristas Sandy Kroopf e Jack Behr. A trama gira em torno de dois amigos de infância, Birdy (Matthew Modine) e Al (Nicolas Cage). Eles foram lutar no Vietnã e voltaram diferentes. O primeiro, machucado psicologicamente, é internado após um surto psicótico e se fecha por completo. Ele sonha ser um pássaro, como quando era criança. Daí seu apelido, Birdy, algo como “passarinho”. O outro voltou mutilado fisicamente e é o único que consegue estabelecer uma conexão com Birdy. Asas da Liberdade é aquele tipo de filme que, nas mãos de um diretor menos talentoso, com certeza se transformaria em um amontoado de clichês melodramáticos. Parker consegue escapar das muitas armadilhas que histórias como esta costumam pregar. Além de sua habilidade atrás das câmaras, o cineasta contou com dois atores, Modine e Cage, ambos em início de carreira e em estado de pura inspiração. E para completar magnificamente o “pacote”, temos ainda a bela fotografia de Michael Seresin e a envolvente trilha sonora composta por Peter Gabriel.
ASAS DA LIBERDADE (Birdy – EUA 1984). Direção: Alan Parker. Elenco: Matthew Modine, Nicolas Cage, John Harkins, Sandy Baron, Karen Young, Bruno Kirby e Nancy Fish. Duração: 120 minutos. Distribuição: Sony.