Não seria nem um pouco exagerado dizer que nenhum outro diretor teria feito este filme tão bem quanto Ang Lee. Este cineasta nascido em Taiwan possui não só a versatilidade, mas, principalmente, a humanidade necessária para contar esse tipo de história. Uma trama que, nas mãos de um outro diretor menos talentoso, resultaria em um amontoado de clichês de lições de auto-ajuda e superação. As Aventuras de Pi é um filme que exige um outro tipo de olhar por parte do espectador. Um olhar de pura e simples contemplação que a tradução brasileira subverte ao trocar “vida” por “aventuras”. Com base no livro escrito pelo canadense Yann Martel, o roteirista David Magee cuidou da adaptação. A trama gira em torno de Pi Patel, filho do dono de um zoológico que fica na Índia. Certo dia, seus pais decidem se mudar para o Canadá, onde irão vender os animais e começar vida nova. Pi é um ser em eterna busca. E isso faz com que ele abrace algumas religiões. Seu pai chega a dizer que se ele se converter em mais três religiões, passará o resto da vida com feriados. Um naufrágio durante a viagem termina por deixar apenas dois sobreviventes em um pequeno bote: Pi e o tigre Richard Parker. As Aventuras de Pi discute inúmeras questões das mais diferentes ordens. Fé, amizade, sobrevivência e amadurecimento são apenas algumas delas. Ang Lee trata tudo com delicadeza e nos deixa maravilhados com a profundidade do roteiro e com a beleza dos efeitos especiais, todos eles usados para enriquecer a história. Um desses efeitos merece um destaque maior: o incrível tigre digital. O filme foi vencedor em quatro categorias do Oscar: direção, fotografia, trilha sonora e efeitos visuais.
AS AVENTURAS DE PI (Life of Pi – EUA/Taiwan 2012). Direção: Ang Lee. Elenco: Suraj Sharma, Irrfan Khan, Ayush Tandon, Gautam Belur, Adil Hussain, Tabu, Ayaan Khan, Vibish Sivakumar, Rafe Spall e Gérard Depardieu. Duração: 129 minutos. Distribuição: Fox.
Respostas de 2
Ang Lee já trata-se de um nome que vale a pena conferir. Este seu Vida de Pi nos convida, antes de qualquer coisa, a ampliar os sentidos e a imaginação. Convenhamos, isso não é pouco. Ótimo para assistir numa tela grande, das maiores. E desculpem, mas o tigre não olha para trás!
Eu discordo. Ang Lee me chamava atenção por ser um diretor que contemplava personagens e em Pi fica muito óbvio que ele perdeu essa sinceridade narrativa que possuia. O longa se preocupa muito em filosofar relações dicotômicas do homem e ainda tem um visual que só deixa mais claro o quão raso é o roteiro.