Não é fácil realizar um filme sobre adolescentes. Existem muitas armadilhas. A tendência da maioria dos diretores/roteiristas é se ater aos lugares-comuns das zoações escolares e das primeiras transas. Da mesma forma que Laís Bodanzky conseguiu retratar esse universo sem cair em clichês em As Melhores Coisas do Mundo, Ana Luiza Azevedo traça um belo painel da adolescência em Antes Que o Mundo Acabe. Estamos aqui em Pedra Grande, uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul. Daniel (Pedro Tergolina), um garoto de 15 anos, enfrenta problemas que parecem não ter solução: a indecisão e insegurança de sua namorada e o fato de seu melhor amigo ser acusado de ter roubado um micro da escola. Seu pai, que ele nunca conheceu, lhe manda cartas com fotos de lugares distantes que ele talvez nunca visite. Aos poucos, Daniel começa a perceber que o mundo é bem maior do que parece e que seus problemas não são tão grandes assim. A câmara da diretora, sem pressa alguma, mostra com precisão e delicadeza, as transformações sutis que começam a ocorrer na vida de Daniel e das pessoas com quem ele convive.