Fritz Lang é um dos grandes mestres do Cinema. Sua carreira teve início na Alemanha, no final da década de 1910, onde permaneceu até o início dos anos 1930, quando migrou, primeiro para a França e depois para os Estados Unidos. Lá ficando por 20 anos. Em sua terra natal foi um dos artífices do movimento conhecido como Expressionismo Alemão, talvez o mais influente movimento da História do Cinema. Quando em Hollywood, nada mais natural que realizasse filmes que fizessem uso inteligente da iluminação. Afinal, o film noir tem forte inspiração nas obras expressionistas. Almas Perversas, de 1945, foi seu 12º trabalho americano e é considerada sua obra-prima, made in Hollywood. Com roteiro de Dudley Nichols, a trama se inspira no romance de Georges de La Fouchardière, que já havia sido adaptada em 1931, pelo francês Jean Renoir, no filme A Cadela. Um homem de meia-idade, Christopher Cross (Edward G. Robinson), leva uma vida medíocre e infeliz ao lado esposa dominadora, Adele (Rosalind Ivan). Sua única válvula de escape são os quadros que pinta. Ele se apaixona perdidamente por Katharine March (Joan Bennett), uma prostituta submissa a Johnny Prince (Dan Duryea), seu cafetão. Diferente do tratamento, digamos assim, mais humano dado por Renoir em A Cadela, Lang aprofunda ainda mais a decadência moral das personagens em Almas Perversas. Quase 15 anos separam os dois filmes e o mundo sofreu transformações profundas nesse período. E isso fica claro na comparação entre as duas versões, ambas imperdíveis para qualquer amante ou estudioso da Sétima Arte.
ALMAS PERVERSAS (Scarlet Street – EUA 1945). Direção: Fritz Lang. Elenco: Edward G. Robinson, Joan Bennett, Dan Duryea, Margaret Lindsay e Rosalind Ivan. Duração: 102 minutos. Distribuição: Versátil.