O cineasta sueco Ingmar Bergman é mundialmente conhecido por seus dramas psicológicos. Pode parecer estranho, mas, um de seus filmes, A Hora do Lobo, de 1968, é considerado por muitos como um filme de terror. Talvez seja uma afirmação vazia. Afinal, o “lobo” do filme não tem relação alguma com “lobisomens”. Na verdade, o título vem de uma expressão popular e se refere aquela hora em que as pessoas morrem e, ao mesmo tempo, as pessoas nascem. O roteiro, como de costume escrito pelo próprio Bergman, conta a história de Johan Borg (Max Von Sydow), um pintor, que está em férias com sua esposa grávida, Alma (Liv Ullmann), em uma remota ilha da Suécia. Ele tem pesadelos constantes e os desenha em um caderno. No fundo, ele tem medo da realidade. A crise se estabelece no casal e se complica quando ela vê os desenhos do marido. Afirmar que A Hora do Lobo é um filme de terror, repito, é um pouco vazio e até limitado. Caso analisemos por este prisma, todos os filmes de Bergman poderiam ser classificados como “filmes de terror”, pois, nenhum outro cineasta conseguiu mergulhar tão fundo na alma humana e, cá entre nós, existe coisa mais assustadora que isso?

A HORA DO LOBO (Vargtimmen – Suécia 1968). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Liv Ullmann, Max Von Sydow, Erland Josephson, Gertrud Fridh, Gudrun Brost e Ulf Johansson. Duração: 88 minutos. Distribuição: Versátil.