Peter Greenaway começou sua carreira em 1962 e ao longo das duas décadas seguintes dirigiu diversos curtas e documentários. A estreia em longas ocorreu em 1982, com O Contrato do Amor, seguindo, três anos depois por Zoo: Um Z e Dois Zeros. E em 1987 foi a vez de A Barriga do Arquiteto, seu terceiro trabalho para cinema. O roteiro, do próprio Greenaway, nos leva à Roma onde Stourley Kracklite (Brian Dennehy), um famoso arquiteto norte-americano chega com a esposa Louisa (Chloe Webb), para organizar uma exposição em homenagem ao artista francês Boullée. A partir daí ele passa a sentir dores cada vez mais fortes na barriga e desconfia que Louisa o trai e envenena, o que o coloca em um ciclo paranoico. Greenaway é possuidor de um apuro senso visual e isso é perceptível em A Barriga do Arquiteto, o primeiro de seus trabalhos para cinema a explorar com grande propriedade essa característica do artista. Dos enquadramentos precisos aos suaves movimentos de câmera, temos tempo para apreciarmos as cenas que se congeladas revelam-se verdadeiros quadros dignos de serem colocados em qualquer parede. Mas aqui não temos apenas forma. Há também muito conteúdo, especialmente na construção de Stourley Kracklite. Não por acaso, Brian Dennehy disse quando do lançamento que havia feito muitos “movies”, mas apenas um “filme”. E não posso deixar de mencionar a estupenda trilha sonora composta por Wim Mertens. Como meu irmão Douglas costuma dizer, A Barriga do Arquiteto é uma obra de gente Grande. Assim mesmo, com “G” maiúsculo. De Gratificante. De Gloriosa. De Genial.
A BARRIGA DO ARQUITETO (The Belly of na Architect – Inglaterra/Itália 1987). Direção: Peter Greenaway. Elenco: Brian Dennehy, Chloe Webb, Lambert Wilson, Sergio Fantoni, Stefania Casini, Vanni Corbellini, Geoffrey Copleston e Alfredo Varelli. Duração: 119 minutos. Distribuição: BFI Video.