A cineasta paulista Lina Chamie é clarinetista desde criança e morou por 14 anos nos Estados Unidos, onde estudou Música e Filosofia e trabalhou por dez anos no departamento de cinema da Universidade de Nova York. Sua paixão por filmes começou após assistir a 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick. Estreou como diretora em 1994, com o premiado curta Eu Sei Que Você Sabe. Em 2000, ela dirigiu o primeiro longa, Tônica Dominante, um filme quase experimental, com poucos diálogos e um uso inteligente e criativo de sons e imagens. A Via Láctea, de 2007, é seu segundo trabalho. O roteiro, escrito pela diretora e por Aleksei Abib, conta a história de uma casal, Heitor (Marco Ricca) e Júlia (Alice Braga), que já está junto há algum tempo e certo dia, por motivo bobo, têm uma violenta discussão por telefone. Minutos depois, Heitor, completamente angustiado por conta da briga, sai pelas ruas de São Paulo para se encontrar com Júlia. Ele quer conversar com ela pessoalmente e resolver tudo. O deslocamento dele até a casa da namorada revela-se mais difícil do que o esperado. No meio de um engarrafamento, ele relembra momentos de seu relacionamento. Se há um tema recorrente nos três primeiros filmes dirigidos por Lina, esse tema é a dificuldade de comunicação entre as pessoas. Ela gosta de trabalhar com um núcleo pequeno de atores e faz da cidade de São Paulo em A Via Láctea, uma importante personagem na trama. O cinema que Lina faz alia sua paixão pela música com um rigor técnico surpreendente. Há em seus filmes um cuidado extremo com os movimentos de câmara, os enquadramentos e na montagem das cenas.