O cineasta grego Costa-Gavras começou sua carreira em 1958, quando dirigiu o curta Les Rates. Seu primeiro longa, Crime no Carro Dormitório, saiu sete anos depois, seguido por Tropa de Choque: Um Homem a Mais, feito em 1967. Pelos títulos dos trabalhos já fica evidente a postura do diretor. Mas foi apenas com seu terceiro longa, Z, realizado em 1969, que ele se tornou conhecido em todo o mundo. Inspirado no caso Lambrakis, ocorrido na Grécia, em 1963, este filme é uma adaptação do livro homônimo de Vassili Vassilikos, com roteiro de Jorge Semprún. O diretor chama nossa atenção com esta frase já na abertura: “Qualquer semelhança com fatos ou pessoas vivas ou mortas não é casual, é intencional”. A narrativa quase documental de Gavras nos conduz por uma trama tensa e envolvente que terminou por influenciar a feitura de filmes políticos a partir de então. Principalmente pela dinâmica montagem de Françoise Bonnot. Acompanhamos aqui uma disputa eleitoral em um país controlado por um governo militar. Neste contexto, um popular líder da oposição (Yves Montand), é atropelado e vem a morrer três dias depois. O juiz (Jean-Louis Trintignant) assume a investigação do caso e desconfia não ter sido um simples acidente. Com a ajuda de um jornalista (Jacques Perrin), ele tenta revelar que por trás daquela morte existe uma rede de corrupção da qual fazem parte o governo e a polícia. Z ganhou diversos prêmios internacionais, entre eles, dois Oscar: montagem e filme estrangeiro. Assim como ocorreu no Brasil, esta obra foi censurada em diversos países. Uma curiosidade: Z, em grego antigo, significa “ele está vivo”.
Z (Z – França/Argélia 1969). Direção: Costa-Gavras. Elenco: Yves Montand, Irene Papas, Jean-Louis Trintignant, Jacques Perrin, Charles Denner, François Périer, Pierre Dux, Marcel Bozzuffi, Renato Salvatori e Magali Noël. Duração: 127 minutos. Distribuição: New Line.