Muitos consideram Viver o maior filme de Akira Kurosawa. Claro que há um pouco de exagero nessa afirmação. Pelo simples fato de que este grande cineasta japonês realizou tantos filmes extraordinários que é difícil destacar apenas um. Melhor dizer que Viver é um dos melhores filmes dirigidos por Kurosawa. Fica mais justo assim. Acompanhamos aqui a vida de um homem, Kanji Watanabe, interpretado de maneira quase divina por Takashi Shimura. Ele está com câncer no estômago e constata, próximo da morte, que na verdade esteve morto a vida toda. Isso faz com que ele inicie uma busca desesperada para dar algum significado para sua vida nos poucos meses que ainda lhe restam. Com uma narrativa que explora diferentes pontos de vista, Kurosawa traça um painel plural e complexo do passado de Watanabe a partir dos questionamentos feitos no presente. Alguns estudiosos chegaram a comparar Viver ao italiano Umberto D, de Vittorio De Sica, coincidentemente dirigido no mesmo ano. Realmente, eles possuem algumas semelhanças, mas, em essência, são bem diferentes. Humano e comovente, Viver é um Kurosawa genuíno e por isso mesmo, imperdível.
VIVER (Ikiru – Japão 1952). Direção: Akira Kurosawa. Elenco: Takashi Shimura, Shin’ichi Himori, Haruo Tanaka, Minoru Chiaki e Miki Odagiri. Duração: 142 minutos. Distribuição: Versátil.
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A importância social de De Sicca, Kurosawa e Kapra no pós-guerra são um alento na Sétima Arte. Uma retomada, um renascimento, do que Chaplin fez no pós-primeira-guerra. Um sopro de valorização sobre a alma da bondade humana.
Glauber escreveu o que eu teria escrito. Portanto, é ver ou rever continuamente. Imperdível.