Vittorio De Sica, antes de tornar-se um dos mais respeitados diretores italianos, foi um popular ator de comédias. Na primeira metade dos anos 1940, junto com Roberto Rossellini e Luchino Visconti, estabeleceu as bases do Neorrealismo Italiano. O movimento tinha por objetivo realizar filmes que mostrasse a realidade da Itália da maneira mais direta e natural possível. Os neorrealistas não filmavam em estúdio, a câmara ia para a rua. Outra característica era trabalhar com pessoas do povo e não com atores profissionais. Umberto D. reúne todos esses elementos. O filme conta a história de Umberto Demenico Ferrari, vivido de maneira comovente por Carlo Battisti. Ele é um senhor aposentado que recebe um mísero salário do governo e mora em um pequeno quarto alugado. Ameaçado de despejo por conta do aluguel atrasado, Umberto perambula sozinho pela cidade acompanhado de seu único amigo, o cão Flick. De Sica nos faz acompanhar o dia-a-dia deste senhor que, apesar dos reversos da vida, tenta manter sua dignidade. O filme é carregado de sentimento e drama, mas, nunca cai na pieguice. Há momentos de silêncio e de melancolia que reforçam ainda mais a solidão da personagem. No entanto, o diretor nunca se faz valer de recursos fáceis, como uma música de fundo “chorosa”, por exemplo, para nos envolver e comover. Umberto D. é uma pequena obra-prima de um grande mestre.