Se existe uma obra simples, fácil e direta na filmografia do cineasta americano David Lynch, ela se chama Uma História Real. O diretor surpreendeu todo mundo quando anunciou que faria um trabalho para a Disney. Quem acompanha a carreira de Lynch sabe da predileção que ele tem por histórias que não seguem uma estrutura linear. Além disso, ele adora personagens que são, para dizer o mínimo, estranhas. E também a escuridão. O roteiro, escrito por John Roach e Mary Sweeney, se baseia em fatos ocorridos em 1994, no interior dos Estados Unidos. Tudo começa quando Alvin Straight (Richard Farnsworth), um viúvo de 73 anos que decide viajar do estado de Iowa até Wisconsin, uma distância de pouco mais de 400 quilômetros. Até aí, tudo bem. O que torna a empreitada diferente é o veículo que Alvin utiliza: um pequeno trator de cortar grama. Uma História Real, apesar das aparências, é um típico ou atípico Lynch. Seja como for, um genuíno Lynch. É um filme de estrada que provoca em nós uma salutar reflexão sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas e como nos relacionamos com as pessoas próximas e queridas. Isso não é pouco. Só os grandes conseguem atingir este patamar de excelência. A simplicidade, em qualquer arte, é muito difícil.