Dalton Trumbo foi um dos maiores roteiristas de Hollywood do final dos anos 1930 até o início dos anos 1970. Foi também um dos mais perseguidos pela extrema direita, em especial a turma do Comitê de Atividades Antiamericanas. E, na mesma medida, um dos mais combativos. Autor do roteiro de filmes de sucesso, como A Princesa e o Plebeu, Arenas Sangrentas, Exodus, Spartacus, Papillon e Johnny Vai à Guerra (seu único trabalho como diretor), não parou de trabalhar, mesmo quando foi preso ou ficou proibido de escrever. Claro que uma história dessas possui todos os elementos para se transformar em uma estupenda cinebiografia. E isso é alcançado em boa parte por Trumbo – Lista Negra, filme dirigido por Jay Roach. O roteiro de John McNamara se inspira no livro de Bruce Cook e se concentra, em ordem cronológica, na luta de Trumbo contra seus perseguidores e as artimanhas que ele utilizou para enfrentá-los. Roach conduz sua narrativa de forma acadêmica, ou seja, com correção e no ritmo certo, porém, sem muito brilho. O brilho mesmo é visível na interpretação de Bryan Cranston, mais conhecido pelo Walter White de Breaking Bad, que vive aqui o papel principal. Trumbo é focado na personagem-título, óbvio, mas, não deixa de fora alguns outros nomes importantes e que auxiliaram muito o roteirista, como por exemplo: o ator Kirk Douglas (Dean O’Gorman), o diretor Otto Preminger (Christian Berkel) e produtor Frank King (John Goodman). No final, o filme de Roach funciona como um grande e justo tributo a um artista que não se curvou aos abusos do macarthismo. E que, diferente do que vários de seus contemporâneos fizeram, manteve a cabeça erguida, a consciência tranquila e jamais virou as costas ou dedurou colegas e amigos de ofício.
TRUMBO – LISTA NEGRA (Trumbo – EUA 2015). Direção: Jay Roach. Elenco: Bryan Cranston, Diane Lane, Helen Mirren, Michael Stuhlbarg, Elle Fanning, John Goodman, Dean O’Gorman, Christian Berkel, David James Elliott e Louis C.K. Duração: 125 minutos. Distribuição: Califórnia Filmes.