“Pede prá sair”. “Tira essa roupa preta”. “Tu é moleque”. “Tá com soninho?”. “Põe na conta do Papa”. Essas e muitas outras frases foram popularizadas graças ao sucesso do filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, em 2007. Padilha havia realizado antes o documentário Ônibus 174, onde ficou conhecendo o BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). A intenção original de Padilha para Tropa de Elite era ser um documentário sobre o BOPE. No meio do processo, ele se transformou em ficção. Tropa de Elite poderia ter feito, no mínimo, cinco milhões de espectadores nas salas de exibição. Foi prejudicado pelo vazamento e comercialização de uma cópia pirata em DVD do filme, que segundo levantamentos não-oficiais vendeu mais de três milhões de unidades nos camelôs de todo o país. Amado por muitos, atacado por alguns (que acusaram o filme de fascista), não é o caso agora de se entrar nessa discussão. O que importa é que Tropa de Elite é um excelente policial e um divisor de águas na cultura cinematográfica nacional. Primeiro, porque tira o foco dos bandidos e conta sua história a partir do ponto de vista da polícia. Segundo, porque mostra que assim como existem policiais corruptos, existem também policiais honestos que se dedicam a combater o crime. Terceiro, e talvez o mais importante, apresenta aquele que talvez seja o primeiro herói brasileiro, o Capitão Nascimento. O cinema, como produto cultural de massa, precisa de personagens com as quais o público possa se identificar. O Capitão Nascimento, vivido de maneira definitiva pelo ator Wagner Moura, se transformou nesse ícone popular. Foi o grande vencedor o Prêmio do Cinema Brasileiro em 2007 (teve 14 indicações e levou nove prêmios). No início de 2008, recebeu o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Cinema de Berlim.