O diretor Sam Peckinpah é conhecido como o poeta da violência. Seja em um faroeste como Meu Ódio Será Tua Herança, um policial como Os Implacáveis ou um drama de guerra como Cruz de Ferro. Dono de um estilo peculiar, principalmente no uso da câmara lenta, Peckinpah fez da violência uma questão estética e contextualizada. Em Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, dirigido em 1974, um rico fazendeiro do México (e também chefão do crime organizado), descobre que sua filha está grávida de Alfredo Garcia. Revoltado, ele oferece uma recompensa de um milhão de dólares pela sua cabeça. Bennie (Warren Oates), um músico cuja carreira enfrenta mais baixos do que altos, descobre que Garcia já está morto, corta sua cabeça e vai reclamar a recompensa. O problema é que um milhão de dólares é um valor considerável e Bennie não é o único atrás desse grande “prêmio”. O roteiro, escrito por Peckinpah e Gordon T. Dawson, a partir de uma história original do próprio diretor e de Frank Kowalski, é preciso na abordagem e nas sequências que cria. A maneira como a ação é conduzida é envolvente da primeira à última cena. E pensar que Peckinpah realizou esse filme para expurgar sua ira contra os produtores da MGM que fizeram alterações em seu trabalho anterior, Pat Garrett & Billy the Kid. Bela vingança.
TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA (Bring me the Head of Alfredo Garcia – EUA 1974). Direção: Sam Peckinpah. Elenco: Warren Oates, Kris Kristofferson, Robert Webber, Isela Vega, Helmut Dantine, Gig Young, Emilio Fernández e Donnie Fritts. Duração: 112 minutos. Distribuição: Lume/Versátil.