Filmes de ficção-científica não precisam ter um visual futurista. O importante é passar a ideia ou ilusão de futuro. Outro aspecto importante é provocar o debate sobre temas que ainda estão incipientes em nosso tempo presente. E isso The Artifice Girl, que poderia ser traduzido como A Garota Artifício, tem de sobra. Escrito, dirigido, estrelado e montado por Franklin Ritch, o filme é uma grata surpresa, seja pela simplicidade de sua execução ou pela abordagem que faz de um tema muito em voga hoje: a inteligência artificial. A história é dividida em três partes e se estende por meio século. Ao longo desse período acompanhamos quatro personagens que dedicam suas vidas a combater a pedofilia. A garota do título é Cherry (Tatum Matthews), criada por Gareth (Ritch) e que conta com a ajuda dos agentes do governo Deena (Sinda Nichols) e Amos (David Girard). Ela, na verdade, é um programa de computador dotado da capacidade de acumular conhecimento e, consequentemente, evoluir. Isso gera boas discussões sobre o que realmente significa “ser” humano. Utilizando poucos cenários e um elenco enxutíssimo, o cineasta traz à tona argumentos bem fundamentados em uma obra de apurado rigor visual e diálogos precisos e pertinentes que continuam ecoando em nossa mente mesmo depois dos créditos finais. Ritch é natural da Flórida e iniciou sua carreira em 2009 dirigindo curtas. Realizou quatro no total, além de seu longa de estreia, Teardrop Goodbye with Mandatory Directorial Commentary by Remy Von Trout, de 2019, e deste The Artifice Girl, o segundo. Um nome para se anotar e seguir os próximos trabalhos.
THE ARTIFICE GIRL (EUA 2023). Direção: Franklin Ritch. Elenco: Tatum Matthews, Sinda Nichols, David Girard, Franklin Ritch e Lance Henriksen. Duração: 93 minutos. Distribuição: Paper Street Pictures.
