Hitchcock era adepto de experimentações. E no final da década de 1940 ele fez dois filmes que exemplificam com perfeição essa característica. Primeiro Festim Diabólico, em 1948, sua primeira obra colorida e formatada como um longo plano sequência, ou seja, sem cortes (foram apenas oito, quase imperceptíveis). No ano seguinte foi a vez deste Sob o Signo de Capricórnio, um drama de época. O roteiro de James Bridie foi escrito a partir da adaptação de Hume Cronyn para a peça de John Colton e Margaret Linden, que por sua vez se baseava no romance de Helen Simpson. A ação se passa na Austrália, no ano de 1831. É para lá que o irlandês Charles Adare (Michael Wilding) viaja para iniciar uma nova vida com a ajuda do governador (Cecil Parker), seu primo. Ele conhece o poderoso Sam Flusky (Joseph Cotten) e descobre que Henrietta (Ingrid Bergman), a esposa dele, foi sua paixão de infância. Fica claro que um mistério envolve o passado daquele casal. Hitchcock flerta com o melodrama e consegue fugir dos clichês do gênero. A bela fotografia do grande Jack Cardiff auxilia bastante. No entanto, o filme não obteve o sucesso esperado por seu diretor. Uma pena. Sob o Signo de Capricórnio é bastante diferente dos trabalhos mais conhecidos do mestre do suspense. Mas é igualmente surpreendente.
SOB O SIGNO DE CAPRICÓRNIO (Under Capricorn – EUA 1949). Direção: Alfred Hitchcock. Elenco: Ingrid Bergman, Joseph Cotten, Michael Wilding, Margaret Leighton, Cecil Parker, Denis O’Dea e Jack Watling. Duração: 117 minutos. Distribuição: Versátil.