A primeira coisa que chama atenção no cineasta Steve McQueen é a confusão com seu homônimo, ator do filme Bullitt e tantos outros. Fotógrafo, escultor e diretor, o inglês McQueen vem construindo uma carreira sólida atrás das câmaras de cinema. Shame é seu segundo trabalho. O primeiro, Hunger, inédito no Brasil, chamou a atenção de todos no Festival de Cannes de 2008. Ambos são estrelados pelo ator Michael Fassbender, que em Shame faz o papel de Brandon, um homem com pouco mais de trinta anos, que mora em Nova York. Ele é educado, bem-sucedido, metódico, bonito, elegante e viciado em sexo. Sua rotina muda por completo quando entra em cena sua irmã, Sissy (Carey Mulligan). O filme sugere um passado conturbado entre os dois. Não existe sentimento algum nas relações de Brandon com as mulheres com quem ele transa. O sexo, para ele, tem por única finalidade preencher o vazio existencial de sua vida. O roteiro, escrito pelo próprio McQueen junto com Abi Morgan, não se preocupa em apresentar uma razão para este comportamento. No entanto, deixa claro a completa falta de habilidade de Brandon para lidar com emoções. A câmara de McQueen não tem pudor e acompanha a personagem em suas jornadas sexuais. Mas, não pense que se trata de um filme pornô ou apelativo. Shame é consistente, contundente, coerente e inteiramente contextualizado. Fassbender se entrega de maneira corajosa ao papel e encontra em Mulligan a parceira perfeita. A cena em que ela canta New York, New York é uma das mais reveladoras e tocantes do filme. Shame, por conta de sua forte carga sexual, foi “percebido” por muitos como apelativo. Ledo engano. Ele vai bem além desse rótulo limitador e nos conta o drama de um homem que busca desesperadamente se encontrar.
SHAME (Inglaterra 2011). Direção: Steve McQueen. Elenco: Michael Fassbender, Carey Mulligan, Mari-Ange Ramirez, James Badge Dale, Nicole Beharie, Alex Manette, Hannah Ware e Lucy Walters. Duração: 101 minutos. Distribuição: Paris Filmes.
Uma resposta
Steve McQueen é desses nomes que se deve guardar para lembrar a cada visita a uma locadora ou cinema. E sim, Marden tem razão, New York, New York cantada nesse filme é extraordinária!