O cineasta Zhang Yimou é um dos maiores nomes do cinema feito na China nos últimos 40 anos. Mesclando obras intimistas com grandes épicos, ele é famoso por seu apuro visual e pela elegância das cenas de ação, que parecem um balé belissimamente coreografado. A Sombra do Reino, de 2018, é um meio-termo na filmografia do diretor. E convém alertar que “meio-termo” não é demérito algum. É que Zhang Yimou realiza aqui uma mescla entre o intimista e o épico. O roteiro dele próprio, escrito junto com Wei Li, é uma adaptação de um outro roteiro, Três Reinos: Jingzhou, de Sujin Shu, e se passa no período dos Três Reinos da China. Um desses reis, extremamente violento e ambicioso, se prepara para uma última e grande batalha. Caso ele saia derrotado perderá o trono. Algo que ele e o fiel general de seu exército farão tudo para que não aconteça. A Sombra do Reino, como indica o título, se refere à figura do “sombra”, um sósia que substitui o titular nos momentos de perigo. Akira Kurosawa fez uso desse recurso no magnífico Kagemusha. Aqui, Zhang Yimou, fiel ao seu apuradíssimo senso visual, trabalha dois elementos ao longo de todo o filme. A chuva, sempre presente, e os tons de cinza. Há também em A Sombra do Reino uma forte dose de intrigas palacianas que consomem boa parte da trama. Isso não me incomodou, mas acredito que poderá desagradar aqueles que “comprarem” o filme a partir do material de divulgação. As cenas de lutas aparecem e são fantásticas, no entanto, isso não é o principal. Outras questões bastante relevantes são discutidas, eu posso assegurar.
A SOMBRA DO REINO (Ying – China 2018). Direção: Zhang Yimou. Elenco: Chao Deng, Li Sun, Ryan Zheng, Qianyuan Wang, Jingchun Wang, Jun Hu, Xiaotong Guan, Lei Wu e Bai Feng. Duração: 116 minutos. Distribuição: PlayArte.