A vida do pernambucano Severino Cavalcanti do Rego Barros realmente daria um filme. Foi o que seu neto, Leonardo Lacca, percebeu desde cedo. Durante 20 anos ele acompanhou a rotina de seu avô e o resultado é este Seu Cavalcanti, uma espécie de documentário ficcional, como bem define seu diretor. O filme de Lacca é, antes de tudo, um registro carinhoso de um neto que busca eternizar a simpática figura do pai de sua mãe. E o retratado corresponde à altura ao evidenciar os fortes laços que os unem. A câmera nunca é intrusiva e é visível a naturalidade desse homem cheio de histórias e possuidor de características bastante singulares. Seguramente foi esse jeito natural diante da lente que fez com que Lacca inserisse elementos ficcionais na “trama”. Leonardo Lacca tem grande experiência com atrizes e atores. Especialmente os não profissionais. Ele trabalhou como preparador de elenco de todos os longas do conterrâneo Kleber Mendonça Filho, um dos produtores do filme, ao lado de Emilie Lesclaux, da Cinemascópio. Este é o segundo longa de Lacca. Antes ele havia feito Permanência, em 2014, além de ter sido diretor assistente em Bacurau e O Agente Secreto. Como toda boa história, Seu Cavalcanti vai adiante e consegue refletir não apenas um período de tempo na vida da personagem-título, mas ao fazê-lo espelha algumas das mudanças de nosso país no mesmo período. Transcendências assim são sempre muito bem-vindas. Em tempo: o filme ainda conta com as participações luxuosas das atrizes Maeve Jenkings e Tânia Maria.
SEU CAVALCANTI (Brasil 2024). Direção: Leonardo Lacca. Documentário. Duração: 78 minutos. Distribuição: Cajuína Audiovisual.







