Em quase três décadas de carreira, o nova-iorquino Noah Baumbach já escreveu e dirigiu perto de 20 trabalhos, entre curtas, longas e documentários, tanto para cinema como para televisão. A maioria dos roteiros foi escrito a partir de ideias originais suas. As exceções são O Fantástico Senhor Raposo, adaptado junto com Wes Anderson, e este Ruído Branco, de 2022, adaptação do livro homônimo de Don DeLillo. A ação se passa em 1983, mesma época do romance original, e gira em torno de Jack (Adam Driver), um professor de História, especializado em Hitler e o nazismo. Ele é casado com Babette (Greta Gerwig) e têm quatro filhos. Tudo começa quando um estranho acidente que provoca o surgimento de uma nuvem tóxica faz com que a cidade deles seja evacuada. Mas isso é apenas um pedaço da trama, outras coisas acontecem. O título faz referência ao ruído que não conseguimos ouvir, pois ele está em todo lugar. De maneira metafórica, esse “ruído” é representado pelo medo da morte que Jack e Babette sentem. Uma das características da filmografia de Baumbach é a forma como os diálogos são apresentados. Fica a impressão de que todo mundo está falando ao mesmo tempo, o que reproduz a realidade de maneira impressionante. Muito do que acontece em Ruído Branco parece não fazer sentido ou ter uma razão para estar no roteiro. Mas há uma crítica direta ao capitalismo, que culmina na cena final no supermercado. É esse flerte com o surreal que torna a narrativa instigante e interessante de acompanhar.
RUÍDO BRANCO (White Noise – EUA/Inglaterra 2022). Direção: Noah Baumbach. Elenco: Adam Driver, Greta Gerwig, Don Cheadle, Raffey Cassidy, Sam Nivola, May Nivola, Jodie Turner-Smith e André Benjamin. Duração: 136 minutos. Distribuição: Netflix.