J.J. Abrams é famoso por suas produções sigilosas. Foi assim com as séries Lost e Fringe e com os filmes Star Trek e Star Wars VII: O Despertar da Força. Mas o que ele fez com Rua Cloverfield, 10 superou tudo. Até porque ninguém esperava que fosse feita uma continuação de Cloverfield: O Monstro, de 2008. Bem, ninguém esperava que uma continuação fosse feita oito anos depois e em total segredo. Mas Rua Cloverfield, 10 não é uma simples sequência. Com roteiro de Josh Campbell, Matthew Stuecken e Damien Chazelle (o premiado diretor de Whiplash e La La Land), o novo filme é e não é uma continuação do anterior, dirigido por Matt Reeves. Explico melhor. O novo filme, dirigido pelo estreante em longas Dan Trachtenberg, apesar de se passar no mesmo mundo invadido por monstros, parte de uma premissa bem diferente. A ação se passa quase que inteiramente dentro de um abrigo subterrâneo com apenas três atores em cena. Michelle (Mary Elizabeth Winstead) sofre um acidente de carro e é socorrida por Howard (John Goodman), que a leva para o tal abrigo onde já vive Emmett (John Gallagher Jr). O clima é tenso desde o início e ganha com o passar do tempo proporções cada vez maiores e inesperadas. Rua Cloverfield, 10 prova que é possível fazer uma continuação corajosa e inteligente de um típico filme de monstro. E isso não é pouco. Sem contar o assombroso trabalho de John Goodman, que revela aqui facetas nunca antes mostradas.
RUA CLOVERFIELD, 10 (Cloverfield, 10 Lane – EUA 2016). Direção: Dan Trachtenberg. Elenco: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead e John Gallagher Jr. Duração: 103 minutos. Distribuição: Paramount.