O cineasta paulista André Klotzel respira e transpira a sétima arte. Ele escreve, produz, dirige e edita seus filmes. Formado em Cinema pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Klotzel trabalhou como assistente na produção de diversos filmes e dirigiu seis curtas até estrear como diretor de um longa-metragem, em 1985, com A Marvada Carne. Sua carreira é composta por um número pequeno de produções próprias, apenas quatro. Reflexões de Um Liquidificador, realizado em 2010, é seu quarto longa. A partir de um roteiro de José Antônio de Souza, o filme conta a história de Elvira (Ana Lúcia Torre), uma dona de casa que passa por um período de grande turbulência em sua vida. Seu marido, Onofre (Germano Haiut), está desaparecido e ela vai até a polícia dar queixa do sumiço. O inusitado da trama surge quando a vida do casal passa a ser contada pelo liquidificador (voz de Selton Mello). Reflexões de Um Liquidificador é uma comédia de humor negro. Coisa raríssima no cinema brasileiro. E o que é melhor: é muito engraçada. Com um elenco reduzido e muita criatividade e ironia. Prestem atenção nas inflexões da voz do liquidificador, sem esquecer, é claro o fabuloso desempenho de Ana Lúcia Torre, dona do falastrão eletrodoméstico. Klotzel recupera parte da graça que ele já havia imprimido em seu primeiro trabalho e nos brinda com um filme divertido e que permite muitas interpretações. Algo digno de louvor e que deve ser prestigiado, sem ressalvas.