O cineasta iraniano Asghar Farhadi é dono de um estilo bem peculiar de contar histórias. Suas tramas costumam começar de maneira bem simples, corriqueira, sem muitas novidades. No entanto, à medida que a ação avança, as situações vão se complicando e crescendo de maneira tal que fica difícil acreditar que teve um início quase banal. Não é diferente em Procurando Elly, filme que escreveu e dirigiu em 2009. Ahmad (Shahab Hosseini) passou alguns anos na Alemanha e agora está de volta ao Irã. Nada mais natural seus amigos organizarem uma grande festa de comemoração que durará três dias. A bela Elly (Taraneh Alidoosti) é uma das convidadas e Ahmad, recém-separado de uma alemã, vê na iraniana a mulher ideal para que ele recomece sua vida. No dia seguinte, para surpresas de todos, Elly desaparece. A partir daí, o clima fica cada vez mais pesado, amargo e cheio de acusações mútuas. Farhadi mostra em seus filmes um Irã diferente daquele país radical que costuma aparecer nos noticiários do Ocidente. Existe uma modernidade que contrasta com a imagem que nos é imposta. Isso não deixa de fora os conflitos provocados pelo choque de gerações e pela força das tradições seculares do país. Mas Farhadi consegue transitar por todos esses temas sem perder o rumo e sem nunca tirar o foco daquilo que é mais importante em qualquer história: as personagens.