Existem poucos diretores de cinema cujo o nome se transformou em adjetivo. O italiano Federico Fellini é um deles. O termo “felliniano” costuma ser empregado como sinônimo de uma situação em que vemos algo surreal, exagerado ou de caráter circense invadir a realidade. Os Boas-Vidas, realizado em 1953, é o terceiro filme que ele dirigiu e o primeiro de uma longa lista de obras-primas que ele dirigiria ao longo dos 40 anos seguintes. Acompanhamos aqui a história de cinco amigos: Moraldo, Alberto, Fausto, Leopoldo e Riccardo. Eles não trabalham, moram com suas famílias e levam uma vida boêmia, cheia de monotonia e sem perspectivas em uma pequena cidade litorânea do interior da Itália. Fellini já demonstra neste filme sua incrível habilidade em criar personagens verossímeis e profundamente humanas. A estrutura narrativa de Os Boas-Vidas nunca perde o foco. Apesar da quantidade de personagens e situações, nada é atropelado. Temos tempo de conhecer a vida de cada um deles. Cheio de referências autobiográficas, é possível traçarmos um paralelo com outro filme que Federico Fellini viria a dirigir 20 anos depois, Amarcord. Mas isso, já é outra história.