Todo grande cineasta pode se dar ao luxo de um deslize na carreira. É normal que isso aconteça uma ou duas vezes, no máximo. No caso do espanhol Pedro Almodóvar, a segunda vez ocorreu em 2013, com Os Amantes Passageiros. Ele vinha do choque causado pelo surpreendente A Pele Que Habito, quando fez esse misto de comédia e musical que se passa quase que inteiramente dentro de um avião. Lembra da franquia Aeroporto, que fez muito sucesso na década de 1970? Misture então com um humor escrachado durante um voo do México para a Espanha que apresenta problemas com um dos trens de pouso que não funciona. Isso faz com que o comandante seja obrigado a voar em círculos até ter condições de fazer uma aterrissagem de emergência. Passageiros da classe econômica e boa parte de tripulação são dopados. Apenas os comissários e os passageiros da classe executiva sabem do risco que estão correndo e abrem o jogo sobre seus segredos mais íntimos. A premissa permitiria uma história bastante engraçada. No entanto, Almodóvar “pesou um pouco a mão”. Os Amantes Passageiros se revelou para mim uma experiência extremamente enfadonha.
OS AMANTES PASSAGEIROS (Los Amantes Pasajeros – Espanha 2013). Direção: Pedro Almodóvar. Elenco: Javier Cámara, Carlos Areces, Hugo Silva, Lola Dueñas, Antonio de la Torre, Raúl Arévalo, Cecilia Roth, Antonio Banderas e Penélope Cruz. Duração: 90 minutos. Distribuição: HBO Max.
