Dentro do que se convencionou chamar de Western Spaghetti ou Faroeste à Italiana, o cineasta Sergio Corbucci era conhecido como “o outro Sergio”. Isso se devia pela fato de seu grande amigo, Sergio Leone, ser o “Sergio” titular dessa leva de faroestes feitos na Itália entre 1964 e 1973. Leone começou tudo com a famosa Trilogia dos Dólares, estrelada por Clint Eastwood. Mas Corbucci definiu alguns parâmetros com seu Django, de 1966 e, principalmente, dois anos depois com este O Vingador Silencioso. O roteiro dos irmãos Bruno e Sergio Corbucci, escrito junto com Vittoriano Petrilli e Mario Amendola, nos apresenta o justiceiro mudo vivido pelo francês Jean-Louis Trintignant. Ele é contratado por Pauline (Vonetta McGee), uma das vítimas do bando liderado por Loco (Klaus Kinski). A partir daí temos uma grande caçada nas terras geladas do estado de Utah, nos Estados Unidos. Diferente do pistoleiro que falava pouco na pele de Eastwood, a personagem de Trintignant não fala por conta de uma situação traumática do passado. Mais isso não é a única ruptura narrativa de O Vingador Silencioso. Há também a presença de Vonetta McGee e sua Pauline, uma mulher negra que se envolve com o herói, algo que nunca tinha sido mostrado nas telas até então. Isso, para muitos estudiosos, teria sido a razão principal para que a obra não fosse bem aceita no mercado americano. O futuro se encarregou de provar como Corbucci estava bem à frente de seu tempo. Inclusive pela maneira que a história é concluída. Por fim, uma curiosidade: a “neve” do filme era, na verdade, creme de barbear.
O VINGADOR SILENCIOSO (Il Grande Silenzio – Itália 1968). Direção: Sergio Corbucci. Elenco: Jean-Louis Trintignant, Klaus Kinski, Frank Wolff, Vonetta McGee, Luiz Pistilli, Mario Brega, Carlo D’Angelo e Marisa Merlini. Duração: 101 minutos. Distribuição: Versátil.