Apesar do nome e dos temas que explora em seus filmes, Ramin Bahrani é americano de nascimento, filho de imigrantes iranianos. Para muitos, ele é um dos mais talentosos cineastas de sua geração. E isso não é exagero. Basta ver O Tigre Branco, que ele adaptou do livro homônimo de Aravind Adiga e dirigiu em 2020. Lançado no início do ano seguinte pela Netflix, o filme foi indicado ao Oscar justamente na categoria de melhor roteiro adaptado. A ação se passa na Índia e gira em torno de Balram Halwai (Adarsh Gourav), um pobre aldeão que se torna um empresário de sucesso. Essa bem-sucedida carreira tem início após ele ser contratado como motorista do milionário Ashok (Rajkummar Rao) e sua esposa Pinky (Priyanka Chopra Jonas). A relação patrão-empregado sofre um revés trágico que altera por completo a vida dos três. Bahrani, à medida que nos mostra a trajetória de Balram, traça um rico painel da realidade vivida pela maior parte da população indiana. Painel que não se limita apenas às questões sociais, mas também a outras questões que envolvem política e sistema de castas. Não espere encontrar em O Tigre Branco uma nova versão de Quem Quer Ser Um Milionário?, dirigido por Danny Boyle e grande vencedor do Oscar 2009. O país pode até ser o mesmo, mas a “pegada” é bem diferente. A narrativa imposta por Bahrani é muito mais ácida e contundente.
O TIGRE BRANCO (The White Tiger – Índia/EUA 2021). Direção: Ramin Bahrani. Elenco: Adarsh Gourav, Rajkummar Rao, Priyanka Chopra Jonas, Kamlesh Gill, Vijay Maurya, Mahesh Manjrekar, Akshay Sharma e Swaroop Sampat. Duração: 126 minutos. Distribuição: Netflix.
