Quando o cineasta indiano Satyajit Ray realizou sua famosa Trilogia de Apu, muitos disseram que seus filmes lembravam os do diretor francês Jean Renoir. Este elogio faz todo o sentido pelo simples fato de Ray ter sido assistente de Renoir quando ele foi à Índia no início dos anos 1950 para dirigir seu primeiro filme colorido, O Rio Sagrado. A partir do romance de Rumer Godden, autor também do roteiro, junto com Renoir, acompanhamos três garotas: Harriet (Patricia Walters), Valerie (Adrienne Corri) e Melanie (Radha Shri Ram). Elas vivem em Bengala, perto do rio que dá título ao filme e se apaixonam por John (Thomas E. Breen), um capitão americano que lutou na Segunda Guerra Mundial. O Rio Sagrado representa um momento importante de transição na carreira de Renoir. Depois de se consagrar ao longo dos anos 1930 em sua França natal, ele migrou para os Estados Unidos na década seguinte e teve que se adaptar ao esquema industrial hollywoodiano. Este trabalho, apesar de rodado na Índia, é um reencontro do cineasta com suas raízes artísticas, sem esquecer que se trata de um dos mais belos filmes já feitos. Não por acaso, está na lista dos dez melhores filmes de todos os tempos na opinião de Martin Scorsese. O Rio Sagrado já tinha sido lançado antes no Brasil em uma edição sofrível. Este novo lançamento feito pela Versátil, em cópia restaurada dentro do box especial A Arte de Jean Renoir, não apenas faz jus a este marcante filme, como possibilita seu resgate histórico.
O RIO SAGRADO (The River – França/Inglaterra/Índia/EUA 1951). Direção: Jean Renoir. Elenco: Patricia Walters, Nora Swinburne, Esmond Knight, Arthur Shields, Suprova Mukerjee, Thomas E. Breen, Adrienne Corri e Radha Shri Ram. Duração: 99 minutos. Distribuição: Versátil.
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Jean Renoir. Jean Renoir. Jean Renoir.