“Eu acredito na América. A América fez minha fortuna”. Esta é a primeira frase que ouvimos em O Poderoso Chefão. Ela sai da boca de Bonasera (Salvatore Corsitto), que está diante de Don Corleone (Marlon Brando) para pedir sua ajuda. Boa parte dos textos sobre esta obra-prima do cinema utiliza esta frase. É quase um clichê. Mas é difícil escapar dela. Afinal, o poder de síntese que ela carrega é imenso. São apenas dois pronomes, dois verbos e dois substantivos. Mas, está tudo lá. Escrever sobre O Poderoso Chefão é fácil e difícil ao mesmo tempo. Eu poderia simplesmente dizer: não leia nada, alugue logo o filme e comece a assisti-lo. Essa é a parte fácil. Resumir em poucas palavras a grandiosidade desse verdadeiro marco cinematográfico, isso é bem difícil. Francis Ford Coppola fez parte de uma geração de cineastas americanos que se formou em cinema. Ele foi o primeiro dessa turma a se destacar. Influenciado pela Nouvelle Vague francesa, Coppola sonhava em realizar filmes autorais e ter independência criativa. Dirigir um filme como este era tudo o que ele não queria. Mas os sonhos custam caro e Coppola estava sem dinheiro e sem perspectiva. O convite para dirigir O Poderoso Chefão, baseado no best-seller de Mario Puzo, surgiu porque o produtor acreditava que a “herança italiana” de Coppola serviria bem ao projeto. Foi George Lucas que o convenceu a aceitar o trabalho e o resto é uma longa história, que pode ser conferida em detalhes nos extras do filme. Coppola fez de sua saga sobre uma família de mafiosos uma rica e complexa metáfora da América. Tudo, sem exagero, absolutamente tudo em O Poderoso Chefão é perfeito. E pensar que as matrizes deste filme quase foram perdidas. Foi graças a Steven Spielberg que elas foram salvas e restauradas. Tudo aconteceu quando a Dreamworks, estúdio de Spielberg, foi comprado pela Paramount. Coppola pediu ao amigo que fizesse alguma coisa para resgatar os originais e por conta dessa ação, o filme foi inteiramente restaurado. Por falar nisso, essa é a cópia que deve ser vista, a restaurada e que leva a assinatura de Coppola na capa. Viu como é difícil? Então vamos facilitar as coisas. Se você já viu, veja de novo. Se ainda não viu… me responda: em que planeta você vive? Que pena, hein, padrinho. Ele nem vai entender a brincadeira que eu acabei de fazer.
O PODEROSO CHEFÃO (The Godfather – EUA 1972). Direção: Francis Ford Coppola. Elenco: Marlon Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall, Diane Keaton, Talia Shire, John Cazale, Richard Castellano, Sterling Hayden, John Marley, Al Lettieri, Richard Conte e Salvatore Corsitto. Duração: 177 minutos. Distribuição: Paramount.
Respostas de 11
Desligue os telefones fixo e celular, desligue o skype, msn, facebook, twitter… o computador inteiro!, mande as crianças para a casa da sogra, dê seu cartão de crédito para a esposa, amante ou marido e mande-os para o shopping mais distante, dê a chave do carro para o filho adolescente, pague o táxi para a empregada ir embora. O Poderoso Chefão vai começar. Deus existe.
“Pé-atrás” – é sempre assim, na defensiva, que vejo o cinema de FFC. Não que não seja um grande cineasta – longe disso! Mas alguma coisa sempre me intrigou sobre uma suposta supervalorização sobre o filme do padrinho.
Na verdade sempre foi assim, até que aconteceram duas coisas:
1 – Li a obra de Mario Puzo.
2 – Ouvi a melhor definição do papel de um diretor, diretamente da boca do “Homem”.
1 – A história, o enredo, o roteiro, a diegése, o nome que queira dar para aquilo que está sendo CONTADO no filme é superior a qualquer outro valor contido ali. Em qualquer filme, em qualquer tempo. E olha que todas as atuações são soberbas, a trilha sonora é eterna e a produção de época é um primor. Mas o que nos pega e o que nós levamos para fora da sala de cinema – ou para além do home-theater – é a HISTÓRIA. O drama contido aqui, nesse filme, somado com a tragédia, os destinos que nos empurram, as tomadas de decisão e a força das circunstâncias – tudo isso – é que faz dessa obra uma película exemplar (não me odeiem, mas creio que nem Simon West e Joseph Zito juntos conseguiriam estragar essa história).
2 – Na oportunidade única que tive, em 2003, de estar na mesma sala que o “Homem”, uma pergunta tão complexa quanto “qual o papel do diretor num filme?” feita por um presente, foi surpreendentemente respondida de forma tão simples e acertiva, aproximadamente assim: Coppola: “Um bom diretor deve se cercar de um ótimo roteirista, de ótimos atores e de um ótimo montador. E depois precisa se esforçar para não atrapalhar o processo”.
Isso serviu para me explicar sua filmografia, aumentando meu respeito por um homem que teve sua oportunidade no mundo do cinema e sabe respeitar o seu ciclo.
E, claro, carrego comigo essa lição hoje, como um contador de histórias.
Resumindo: “O Poderoso Chefão” é inevitável…
De resto, esqueçam o que eu escrevi e obedeçam o que o “capo” Douglas Machado recomenda.
Oi, Glauber. Eu estava também nessa inesquecível aula e lembro que, em complemento, mestre Coppola disse que o diretor deve prestar atenção no trabalho do ator, pois naquele momento, ele está representando para ele.
Revi a trilogia faz poucas semanas. Dificil dizer qual o melhor. Ação, drama, tudo muito intenso e combinado com ótimas atuações. Quando estive nos estudios da Universal na Florida parte do cenário original estava lá, tirei uma foto bem em frente a loja da GENCO OIL. Além de tudo que já foi dito nos posts acima, o filme consegue criar um clima tão positivo em prol dos “bandidos” que até eu gostaria de ser parte daquela máfia, sentar na mesa e compartilhar com todos um spaghetti e um vinho. A cena da morte do Don Corleone brincando com o neto no quintal é uma das mais expressivas do cinema. As vezes nem palavras são necessárias, eles falam com as mãos e tai um link para alguns desenhos criativos sobre isso…
http://www.muitolegal.net/2010/11/guia-de-expressoes-italianas.html
JOPZ
É, para o filme O PODEROSO CHEFÃO, como eu disse no albúm MINHAS CENAS DE FILMES em meu Orkut: “não é preciso tecer comentários”… simplemente veja o filme…
Para mim desde de a primeira vez que assisti a esse grandioso feito do sr Coppola tive a certeza de que não se tratava apenas de um filme;mas de uma legítima aula de cinema!
Atualizando: ontem finalmente assisti o documentário “The Kid Stays in The Picture” (aqui chamado de “O Show Não Pode Parar, :P). Fiquei estarrecido quando Robert Evans comenta que “as pessoas pensam que a Paramount comprou os direitos de filmagem do livro de Mário Puzo por este ter sido o grande livro americano dos anos 60. Elas não sabem que a Paramount ENCOMENDOU o livro, já prevendo a produção do filme”. Uau. E por aqui ainda estamos aprendendo a fazer cinema, cultura e negócio. Outra passagem interessante do doc, se referindo à saga dos Corleone, é quando ele, enquando diretor da Paramount, atrasa o lançamento do filme, exigindo que Coppola trabalhasse direito, e não entregando um lixo pasteurizado, com “apenas” 2h7min, fazendo, deste jeito, com que o filme chegasse às quase 3 h de duração. Produtor também é cineasta.
eu assisti todos os Poderosos Chefões. gente, como esse filme é legal. e eu sei que muita gente não gosta do 3 e tal, mas eu adoro o 3. adoro o Al Pacino, acho ele lindo. prontofalei.
De tanto ouvir o Marden falar desse filme no Light News, resolvi ver …. Nossa como passei tanto tempo sem ver essa obra prima.Simplismente fantástico…Adorei …. Elisa Miranda
Então, de tão bom que e o filme, que eu ja vi 9 vezes a triologia e sempre estou apresentando para amigos em sessão cinema em minha casa… ele esta na minha lista dos preferidos. Li o livro quando tinha 16 anos e desde entao vejo os filmes. Ah! E tem mais: a trilha sonora e maravilhosa, e foi da trilha de O Poderoso Chefão que adquiri o meu primeiro CD, e tive que importar, pois naquela época não era nada facil adquirir um CD. Tudo e excelente em se tratando de O PODEROSO CHEFÃO…
Incrível… faz uma semana que vi o filme pela primeira vez (!!!) e não consigo torá-lo do pensamento…marcante, como poucas coisas na vida.