Em pouco mais de 30 anos de carreira, o cineasta palestino Elia Suleiman dirigiu quatro curtas, três documentários e quatro longas. O Paraíso Deve Ser Aqui, de 2019, é seu quarto filme após uma pausa de dez anos e, mais uma vez, traz o próprio Suleiman representando a si mesmo. Sempre em silêncio, com exceção de uma cena em que diz sua origem, ele sai de seu país natal até Paris e de lá, até Nova York. Seu olhar tudo vê, sem interferir. No entanto, com fina ironia em um misto de espanto e encantamento. É possível perceber em sua persona cinematográfica influências bem distintas, mas três se destacam: Buster Keaton, Jacques Tati e Woody Allen. As sequências se sucedem com vigoroso rigor na estética e no enquadramento. Algumas delas parecem verdadeiros balés graças à simetria que possuem. Mas não pense que se trata de uma sucessão de cenas vazias. De forma alguma. Suleiman aborda uma grande variedade de questões que tratam de religião, política, relacionamentos, comportamento social, racismo e controle migratório. No centro de tudo, a clássica pergunta: quem somos e qual é nosso lugar no mundo. A resposta não é fácil, mas Suleiman aponta alguns bons caminhos. O Paraíso Deve Ser Aqui recebeu o prêmio FIPRESCI, dado pela Federação Internacional de Críticos de Cinema, no Festival de Cannes em 2019 e foi o representante de seu país na disputa do Oscar de melhor filme internacional.
O PARAÍSO DEVE SER AQUI (It Must Be Heaven – França/Palestina 2019. Direção: Elia Suleiman. Elenco: Elia Suleiman, Gael Garcia Bernal, Tarik Kopty, Kareem Ghneim, Ali Suliman, Grégoire Colin, Vincent Maraval e Stephen McHattie. Duração: 102 minutos. Distribuição: Imovision.
Uma resposta
FILMAÇO! Uma bela e acertadíssima maneira de abrir o novo (e LINDO!) layout do CINEMARDEN… longa vida e prosperidade!