A cineasta argentina Lucrecia Martel é um dos nomes mais promissores do cinema latino atual. Depois de realizar alguns curtas e documentários, ela estreou na direção de longas no ano 2001 com O Pântano. É comum a crítica nacional tecer comparações entre o nosso cinema e o cinema feito por nossos hermanos. É óbvio que existem grandes diferenças culturais entre os dois países e suas filmografias, porém, é preciso reconhecer, eles vem realizando uma obra mais coesa, sintonizada e em diálogo constante com seu povo e sua história. Em O Pântano, com roteiro escrito pela própria Martel, acompanhamos duas famílias em férias em uma cidade do noroeste argentino. A casa onde eles ficam é pequena demais para acomodá-los confortavelmente. O calor de fevereiro, o grande números de pessoas em um mesmo espaço, a piscina suja onde só se coloca os pés, uma vaca agonizando em um lamaçal da região, todas essas imagens são trabalhadas pela diretora-roteirista de maneira hábil e metafórica. Além do que vemos, há também algo invisível que vamos percebemos aos poucos. Feridas que não foram cicatrizadas e um contido ódio violento e venenoso que começa a ser destilado. O Pântano não é um filme fácil, muito menos agradável, mas tem algo a dizer e não mede palavras para fazê-lo.
O PÂNTANO (La Ciénaga – Argentina 2001). Direção: Lucrecia Martel. Elenco: Mercedes Morán, Graciela Borges, Martín Adjemián, Leonora Balcarce, Silvia Baylé, Juan Cruz Bordeu, Sofia Bertolotto, Noelia B. Herrera, Maria Micol Ellero e Andrea López. Duração: 102 minutos. Distribuição: VideoFilmes.
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É isso: você volta para casa e não consegue ver a família da mesma maneira. Lucrecia Martel tem uma narrativa de identidade própria e de um talento espantoso. Lembro: fiquei muito impressionado.
Muito bom o blog, parabéns!