Existem filmes que retratam o passado e dialogam com o presente ao inserir à trama um olhar moderno. Eu, particularmente, não gosto dessa abordagem. Há também aqueles que conseguem estabelecer uma conexão através de temas que permanecem relevantes. É o caso de O Outro Lado da Nobreza, dirigido em 1995 por Michael Hoffman. O roteiro de Rupert Walters, que tem por base o romance de Rose Tremain, nos leva até a Inglaterra de 1660. Naquele ano, o rei Carlos II assumiu o trono britânico após um período de governo republicano sob o comando de Cromwell. É nesse contexto chamado de “restauração”, daí o título original, que o jovem médico Robert Merivel (Robert Downey Jr.), inicia sua carreira profissional. Ele tem sua vida mudada completamente quando é convidado por Carlos II (Sam Neill) para fazer parte da corte. O Outro Lado da Nobreza, como adianta a tradução nacional, mostra os exageros e absurdos da realeza e seus nobres. E Hoffman e sua equipe capricham nos cenários e nos figurinos (ambos premiados com o Oscar de suas categorias), bem como no desempenho nada naturalista de todo o elenco. O paralelo feito com o presente se dá na constatação de que pouco mudou em relação ao atendimento médico dado à população na época em que se passa o filme e nos dias atuais.
O OUTRO LADO DA NOBREZA (Restoration – Inglaterra/EUA 1995). Direção: Michael Hoffman. Elenco: Robert Downey Jr., Sam Neill, David Thewlis, Polly Walker, Meg Ryan, Ian McKellen, Hugh Grant e Ian McDiarmid. Duração: 117 minutos. Distribuição: Europa Filmes.