O cineasta italiano Luchino Visconti sabia como poucos retratar nobres e burgueses. Seu estilo operístico, principalmente a partir de Sedução da Carne, é perfeito para isto. E em O Leopardo, talvez sua obra máxima, somos os convidados de honra de uma grande festa. Baseado no romance de Giuseppe Tomasi De Lampedusa, a adaptação foi feita pelo próprio diretor e mais quatro roteiristas (Suso Cecchi D’Amico, Pasquale Festa Campanile, Enrico Medioli e Massimo Franciosa). O filme conta a história de Don Fabrizio (Burt Lancaster). Durante a unificação italiana, no início da segunda metade do século XIX, ele, um refinado príncipe da Sicília, é testemunha privilegiada da decadência da nobreza e a ascensão da burguesia. Seu sobrinho Tancredi (Alain Delon), decide tirar proveito da iminente mudança que está em curso e fica noivo da bela Angelina (Claudia Cardinale), filha do rico Don Calogero (Paolo Stoppa). Para que a noiva seja apresentada à sociedade, é realizado um suntuoso baile. Este é o ponto alto do filme. Uma sequência de pouco mais de 40 minutos de puro encantamento. “As coisas terão que mudar para continuarem as mesmas”, diz Don Fabrizio. Esta frase resume com precisão o entendimento que ele tem daquele momento histórico. Visconti sabia do que estava falando. Como cineasta, ele também teve que mudar para continuar o mesmo. Basta conferir sua filmografia, que começou junto com movimento neorrealista e foi se transformando ao longo dos anos. Seus filmes adquiriram uma fachada de beleza, requinte e suntuosidade. No entanto, os temas não mudaram. O olhar sutil e crítico sobre uma sociedade que vive de aparências permaneceu intacto. O Leopardo ganhou a Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes de 1963.
O LEOPARDO (Il Gattopardo – Itália 1963). Direção: Luchino Visconti. Elenco: Burt Lancaster, Claudia Cardinale, Alain Delon, Paolo Stoppa, Rina Morelli, Romolo Valli, Terence Hill, Pierre Clémenti, Lucilla Morlacchi e Giuliano Gemma. Duração: 187 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Um dos cineastas mais elegantes da história do cinema. O Leopardo é um clássico obrigatório. Apenas um coração de pedra não ficaria sensibilizado. É para ver e rever nos detalhes.