O cineasta sueco Tomas Alfredson já havia mostrado do que era capaz com seu longa-metragem de estreia, a versão original de Deixe Ela Entrar. De vasta experiência na direção de filmes e minisséries para a televisão, além de curtas e vídeos musicais, Alfredson, ao aceitar o convite para dirigir uma história tipicamente inglesa, poderia estar pisando em campo minado. Felizmente, seu talento e a habilidade para lidar com o improvável prevaleceu. O Espião Que Sabia Demais, tradução nacional para “Tintureiro Alfaiate Soldado Espião”, se baseia no livro de John Le Carré e teve o roteiro escrito por Bridget O’Connor e Peter Straughan. A história se passa no início dos anos 1970, ainda no auge da Guerra Fria entre americanos e soviéticos. George Smiley (Gary Oldman), um ex-agente do alto escalão do Serviço Secreto Britânico, é convocado para descobrir a identidade do agente duplo que vem passando informações para o inimigo. Se estabelece então um jogo de gato e rato, cheio de suspeitos e de pistas falsas. Alfredson, fiel ao estilo dos filmes realizados na época em que se passa a trama, imprime uma cor chapada e de aparência velha, o que ajuda sobremaneira a entrarmos no clima proposto pela investigação de Smiley. Outro ponto importante que merece destaque é o elenco. Não existe outra palavra que não “perfeito” para descrever a qualidade do desempenho de todos os atores em cena. Em especial, Gary Oldman, indicado e injustamente não premiado com o Oscar de melhor ator. O Espião Que Sabia Demais não é um filme que entrega suas respostas facilmente. É necessário atenção e paciência para que a história tome corpo. Feito isso, a recompensa é simplesmente espetacular.
O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS (Tinker Tailor Soldier Spy – Inglaterra/França/Alemanha 2011). Direção: Tomas Alfredson. Elenco: Gary Oldman, Colin Firth, Mark Strong, John Hurt, Toby Jones, Ciarán Hinds, Tom Hardy, David Dencik, Kathy Burke e Benedict Cumberbatch. Duração: 127 minutos. Distribuição: PlayArte.
Uma resposta
Um dos filmes mais elegantes que assisti nos últimos anos. Tomas Alfredson mantém tudo em hormonia: imagens, trilha, elenco, figurino, locações… é tudo silencioso. Todavia, por vezes soa igualmente como um grito. Química difícil, não? Assista em um domingo pela manhã, por exemplo.